segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

quando bom não é o bastante

sou uma pessoa perfeccionista. é uma fato. odeio quando outros, ou quem deveria, não gostam do que fiz. para mim, tudo tem que sair absolutamente perfeito.

essa semana o programa em que trabalho fez uma média de oito pontos de ibope com pico de doze. comparado aos grandes tubarões televisivos não é nada de mais, mas é uma excelente marca quando a casa tem média mensal de dois pontos.

todos felizes, até uma reunião pós exibição na pizzaria.

"- não tá bom! tem que ser melhor, tem que dar mais!"

mais? quanto mais? peralá, essa semana foi dura. não deu pra fazer tudo o que era previsto e como era previsto. teve alguns contratempos, mesmo assim...

"- tem que dar mais!"

pausa de reflexão.

não é pelo fato de ter feito um ótimo programa que deve parar. tem que sempre melhorar. aprender, inovar. essa foi a mensagem que tentou ser distribuída.

quando se trabalha no meio audiovisual não se pode estagnar, ficar na mesmice ou simplesmente ser lembrado por um sucesso passado. quantos e quantas pessoas/artistas não desapareceram da face da televisão nos últimos anos? quantos programas não acabaram? isso porque eles não cresceram, não inovaram num mundo onde não tem perdão.

no sbt quem não aparece não cresce e logo é deixado de lado. não vejo problemas nisso. a televisão vive de audiência que traz merchandising, patrocinadores e consequentemente, dinheiro, que é usado para investir no programa buscando mais audiência e mais patrocínios, etc. não deu audiência, não deu dinheiro. é simples.

para se manter no ramo, é necessário que sempre criemos coisas novas. inovar.

e isso não se aplica só em comunicação. um time de futebol para ganhar um campeonato precisar treinar, se esforçar e inovar, com táticas novas e marcação diferenciada.

não quero dizer para esquecermos do passado e construir algo absolutamente novo, pois isso é uma coisa difícil atualmente. precisamos aprender com o passado e junto com aquilo que já foi, acrescentar um tempero, dar umas batidinhas e sim! está feita uma nova receita de sucesso.

é como se diz no subtítulo deste humilde blog,

nada se cria, tudo se copia.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

o corte certeiro

acabei de ler o livro "num piscar de olhos: a edição de filmes sob a ótica de um mestre" de walter murch. leitura obrigatória para qualquer um que queira se aventurar no mundo da edição de filmes, televisão ou comerciais. é certo que já deveria tê-lo lido, mas apenas o pude agora. daniel rezende, montador brasileiro que concorreu ao oscar de melhor montagem com cidade de deus, disse que apenas um ano após ler o livro trabalhou no filme de fernando meirelles.

no mesmo, walter murch, tido como um dos maiores montadores do cinema, discute e apresenta sua forma de trabalhar na montagem de um filme. um dos capítulos era sobre o momento certo de fazer o corte. capítulo lido, refleti sobre todo o meu trabalho e se algum dia fiz o corte certeiro. cheguei a conlusão de que já cortei errado milhares de inúmeras vezes e outros igualmente o fazem.

de acordo com murch, há seis momentos para se saber quando o corte é bem feito e devem ser respeitados na seguinte ordem.

1- emoção (51%)
2- enredo (23%)
3- ritmo (10%)
4- alvo de imagem (7%)
5- plano bidmensional da tela (5%)
6- espaço tridimensional da ação (4%)

exemplo daqui, explicações dali, eis a questão:

"mas essa regra se aplica na televisão e em outros meios de comunicação?"

no meu recente período de profissão pude perceber que cada situação, lugar e condição requer um momento diferente de ponto de corte.

no telejornlaismo, por exemplo, a informação está acima de qualquer situação ou complexidade, até mesmo da emoção. claro que se um personagem chora durante uma sonora esse contexto se inverte, mas na maioria das vezes a informação é o objetivo pricipal. mesmo quando há algum empecilho como perda de foco da imagem, câmera trêmula ou falta de balanceamento de cor.

a regra se aplica também a programas de entretenimento, seja humor, fofoca, policial, policial sensacionalista, fofoca sensacionalista ou sensacionalismo apenas.

no caso das novelas é mais comum seguir a linguagem cinematográfica, respeitando a regra de seis, mas não é raro assistir um capítulo com cortes perdidos na ilha de edição.

na internet esse conceito ainda não se aplica pelo simples fato da maioria dos vídeos postados no youtube serem de câmeras de celular ou edições caseiras. não há profissionalismo. em sua maioria os vídeos não tem um certo ou errado, o que vale é a intenção do internauta postador.

mas com certeza é possível por em prática a regra de seis de walter murch nos meios de comunicação. basta saber se os meios de comunicação querem incorporar essa regra. assim sendo, vou seguindo com o meu trabalho, cada um no seu quadrado, digo, no seu lugar e com a sua prioridade.